IMPLANTE DE BOMBA DE INFUSÃO PARA TRATAMENTO DE DOR NEUROPÁTICA
Dr. Rodrigo de Mattos Labruna
Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor ( IASP ), a dor neuropática é causada por lesão ou disfunção do sistema nervoso, periférico ou central.
Havendo lesão anatômica ou alteração funcional dos nervos, medula ou encéfalo, pode haver sensibilização do sistema nervoso, desequilíbrio entre vias transmissoras e supressoras, hiperatividade de substâncias algogênicas, e cronificação da dor.
Características como queimor, formigamento, choque, são descritas pelos pacientes com dor neuropática, e diferentes indivíduos podem se queixar de outros sintomas, como peso, picada, dormência, latejamento, permanentes ou episódicos, paroxísticos ou não.
Alodínea, analgesia, anestesia, disestesia, hiperalgesia, hiperestesia, hiperpatia, parestesia, dolorosas ou não, podem acompanhar a dor neuropática.
A dor neuropática pode estar associada ‘a dor nociceptiva , caracterizando-se uma síndrome dolorosa mista, como nas discopatias, síndrome pós-laminectomia, câncer, etc.
O tratamento da dor neuropática envolve a remoção da causa, embora, muitas vezes, a cronificação da dor faz surgir um conjunto de sintomas independentes e refratários aos tratamentos convencionais. Além do tratamento da causa ( se possível ), o tratamento da dor neuropática, em si, envolve: analgésicos, drogas adjuvantes, bloqueios anestésicos, fisioterapia, reabilitação, psicoterapia,etc.
Anticonvulsivantes, antidepressivos, neurolépticos, antiinflamatórios, corticosteróides, anestésicos, bloqueadores de canais de cálcio ou sódio, ansiolíticos, e outros medicamentos, podem ser utilizados, associados ou não. Opióides, geralmente usados na dor nociceptiva, podem ser úteis na dor neuropática.
Quando todo este tratamento multidisciplinar é insuficiente, a infusão intratecal de medicamentos ou a estimulação elétrica do SNC podem ser necessárias. Muitas vezes, a medicação por via oral , em altas doses, provoca efeitos colaterais . A infusão intratecal de drogas permite a utilização de doses menores, com ação direta no SNC, menor absorção pela circulação sistêmica, e menos efeitos colaterais. O sistema de infusão de drogas é tratamento modulatório da dor, pois podem ser modificadas as concentrações, velocidade de infusão, substituir-se a droga, desligar o sistema, sem que haja ablação do SNC.
Alguns exemplos de patologias que manifestam-se por dor neuropática, associada ou não ‘a dor nociceptiva, e que podem ser tratadas por infusão intratecal de medicação: lombalgia, síndrome pós-laminectomia, câncer, lesão medular, encefálica, espasticidade, aracnoidite, siringomielia, dor complexo-regional, doenças desmielinizantes, etc, desde que apresentem-se com dor refratária ao tratamento conservador.Cada caso deve ser avaliado individualmente.
Das drogas utilizadas no sistema de infusão, as mais comuns são, associadas ou não: morfina, metadona, e outros opióides. Anestésicos locais, como lidocaína, bupivacaína, ropivacaína, e outros; agonistas alfa-adrenérgicos, como clonidina; agonistas do GABA, como baclofeno e midazolam. A associação de drogas permite a potencialização do efeito das medicações e diminuição das doses.
Num passado recente, utilizamos bombas de infusão mecânicas, acionadas por digitopressão do reservatório, que não são mais encontradas no mercado. Temos alguns pacientes, em nossa casuística, com estas bombas. Atualmente, as bombas disponíveis são as eletrônicas, ativadas por bateria e controladas por telemetria, e as ativadas a gás.
O implante da bomba deve ser precedido pelo teste, que envolva a injeção, por cateter epidural, da medicação, durante alguns dias, até que se avalie controle da dor e efeitos colaterais.
A técnica do implante consiste em punção da raque, fixação do cateter no músculo e subcutâneo, tunelização do mesmo, pelo subcutâneo, até o abdômen, onde é conectado ‘a bomba, localizada em bolsa do subcutâneo abdominal.
São possibilidades de complicação: efeitos colaterais da medicação da bomba, infecção do sistema, desalojamento do cateter da raque ou das conexões, fístula liquórica, mal-funcionamento do sistema.
Ane Coelho BFP.
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