Juliana Daibert
Assim como a febre, a dor acende a luz amarela no organismo e sinaliza que algo não vai bem. Ambos sintomas cessam tão logo a causa do mal-estar é descoberta e combatida.
Mas quando a dor passa a ser crônica e insiste em não ir embora, ela se transforma em doença e, como todas as outras, precisa ser tratada.
"A dor crônica vira doença quando ultrapassa o período que o processo patológico deveria durar", explica o neurocirurgião Helvércio Polsaque. "Se um paciente operado de hérnia continua reclamando de dor, o problema deixou de ser a hérnia e passou a ser a dor crônica", exemplifica ele.
Segundo o médico, isso ocorre porque os impulsos nervosos amplificam a informação dolorosa e sobrecarregam as estruturas neurológicas.
A dor indica que algo não vai bem; quando crônica, passa
a ser doença
Além da 'confusão' causada pelo desencontro de informações que chegam ao sistema nervoso central, quem sofre de dor crônica também fica suscetível a desenvolver patologias psiquiátricas.
O índice, elevadíssimo, oscila entre 70 e 80%. "A dor utiliza uma estrutura emocional para caminhar", comenta Polsaque.
O neurocirurgião integra um grupo multidisciplinar da Santa Casa de Maringá que aguarda a autorização da 15ª Regional de Saúde para iniciar o atendimento no Ambulatório da Dor pelo SUS.
Os pacientes oncológicos incentivaram os estudos sobre a dor no mundo. A doença ganhou um caráter dinâmico que permite intervenções rápidas para garantir mais tempo de vida sem dor.
Intervenção
Procedimentos cirúrgicos de bloqueio da dor são recomendados pelo menos seis meses depois do tratamento convencional.
Em 10, quatro têm dor crônica
A dor pode ser classificada de várias maneiras. De acordo com a duração da manifestação, a doença pode ser de três tipos:
Dor aguda - se manifesta transitoriamente durante um período relativamente curto, de minutos a algumas semanas, associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece quando a causa é corretamente diagnosticada e quando o tratamento recomendado pelo especialista é seguido corretamente pelo paciente.
Dor crônica - tem duração prolongada que pode se estender de vários meses a vários anos e está quase sempre associada a um processo de doença crônica. A dor crônica pode também ser consequência de uma lesão já previamente tratada. Exemplos: dor ocasionada pela artrite reumatoide (inflamação das articulações), dor do paciente com câncer, dor relacionada a esforços repetitivos durante o trabalho e dor nas costas.
Dor recorrente - apresenta períodos de curta duração que, no entanto, se repetem com frequência, podendo ocorrer durante toda a vida do indivíduo, mesmo sem estar associada a um processo específico. Um exemplo clássico deste tipo de dor é a enxaqueca.
Impactos - A dor afeta pelo menos 30 % dos indivíduos durante algum momento da sua vida e, em 10 a 40% deles, tem duração superior a um dia. Constitui a causa principal de sofrimento, incapacitação para o trabalho e ocasiona graves consequências psicossociais e econômicas. Muitos dias de trabalho podem ser perdidos por aproximadamente 40% dos indivíduos. Não existem dados estatísticos oficiais sobre a dor no Brasil, mas a sua ocorrência tem aumentado substancialmente nos últimos anos.
A incidência da dor crônica no mundo oscila entre 7 e 40% da população e, como consequência da mesma, cerca de 50 a 60% dos que sofrem dela ficam parcial ou totalmente incapacitados, de maneira transitória ou permanente, comprometendo de modo significativo a qualidade de vida.
(Fonte: Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor - SBED).
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