Os sintomas físicos de uma crise de pânico
aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente (apesar de existir, mas fica
difícil de se perceber). Os sintomas são como uma preparação do corpo para
alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os
mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação
de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir - em detrimento de outras
partes do corpo, incluindo os orgãos sexuais. Eles podem incluir :
Contração / tensão muscular, rijeza
Palpitações (o coração dispara)
Tontura, atordoamento, náusea
Dificuldade de respirar (boca seca)
Calafrios ou ondas de calor, sudorese
Sensação de "estar sonhando" ou distorções de percepção da realidade
Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a
acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento
Confusão, pensamento rápido
Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso
Medo de morrer
Vertigens ou sensação de debilidade
Uma crise de pânico dura caracteristicamente vários minutos e é uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer a alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise terá outras (se não tratar). Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico
O que é o transtorno do pânico?
Transtorno do pânico é um problema sério de saúde. Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem fatores desencadeantes aparentes e, frequentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico - por exemplo, enquanto dirige, fazendo compras em uma loja lotada ou dentro de um elevador - a pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) destas situações e começar a evitá-las. Gradativamente o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir proporções tais, que a pessoa com o transtorno do pânico pode se tornar incapaz de dirigir ou mesmo pôr o pé fora de casa. Neste estágio, diz-se que a pessoa tem transtorno do pânico com agorafobia. Desta forma, o distúrbio do pânico pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma pessoa como outras doenças mais graves - a menos que ela receba tratamento eficaz e seja compreendida pelos demais.
O que causa o transtorno do pânico? Por que ele ocorre?
De acordo com uma das teorias, o sistema de "alerta" normal do organismo - o conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça - tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que o T.P. ocorre com maior frequência em algumas famílias, e isto pode significar que há uma participação importante de um fator hereditário (genético) na determinação de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este transtorno não tem nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar, memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que encontram-se em desequilíbrio são: a serotonina e a noradrenalina.
O transtorno do pânico é um problema sério?
O T.P. já é considerado um problema sério de saúde. Atualmente 2 a 4% da população mundial sofre deste mal, que acomete mais mulheres do que homens em uma proporção de 3 para 1. Há muito que o T.P. deixou de ser um diagnóstico de exclusão. Hoje, mais do que nunca, há necessidade de um diagnóstico de certeza para tal entidade clínica. As pessoas que sofrem deste mal costumam fazer uma verdadeira "via-crucis" a diversos especialistas médicos ("doctor shopping") e após uma quantidade exagerada de exames complementares recebem, muitas vezes, o patético diagnóstico do "nada", o que aumenta sua insegurança e seu desespero. Por vezes esta situação dramática é reduzida a termos evasivos como: estafa, nervosismo, stress, fraqueza emocional ou problema de cabeça. Isto pode criar uma incorreta impressão de que não há um problema de fato e de que não existe tratamento para tal patologia.
O T.P. é real e potencialmente incapacitante, mas pode ser controlado com tratamentos específicos. Por causa dos seus sintomas desagradáveis, ele pode ser confundido com uma doença cardíaca ou outra doença grave. Frequentemente as pessoas procuram um pronto-socorro quando têm a crise de pânico e podem passar desnecessariamente por extensos exames médicos para excluir outras doenças.
Os médicos em geral tentam confortar o paciente em crise de pânico, fazendo-o entender que não está em perigo. Mas estas tentativas podem às vezes piorar as dificuldades do paciente: se o médico usar expressões como "não é nada grave", "é um problema de cabeça" ou "não há nada para se preocupar", isto pode produzir uma impressão incorreta de que não há problema real e de que não existe tratamento ou de que este não é necessário, conforme já comentado.
Qual é a população atingida? As pessoas que tem o T.P., em sua maioria, são pessoas jovens (faixa etária de 21 a 40 anos), que encontram-se na plenitude de suas vidas profissionais. O perfil da personalidade das pessoas que sofrem do T.P., costuma apresentar aspectos em comum: geralmente são pessoas extremamente produtivas à nível profissional, costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidades e afazeres, são bastantes exigentes consigo mesmos, não convivem bem com erros ou imprevistos, têm tendência a se preocuparem excessivamente com problemas cotidianos, alto nível de criatividade, perfecionismo, excessiva necessidade de estar no controle e de aprovação, auto-expectativas extremamente altas, pensamento rígido, competente e confiável, repressão de alguns ou todos os sentimentos negativos (os mais comuns são, o orgulho e a irritação), tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo, entre outras. Essa forma de ser acaba por predispor estas pessoas a situações de stress acentuado, fato este que pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e consequentemente o aparecimento do T.P..
Vale ressaltar ainda que alguns medicamentos como anfetaminas (usados em dietas de emagrecimento) ou drogas (cocaína, maconha, crack, ecstasy, etc), podem aumentar a atividade e o medo promovendo alterações químicas que podem levar ao T.P..
Existe tratamento para este problema?
Existe uma variedade de tratamentos para o T.P.. O mais importante neste aspecto é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode ser feito através de medicamentos seguros e que não produzam risco de dependência física dos pacientes. Numa segunda etapa prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de uma maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse objetivo.
O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao engajamento do paciente com o mesmo. É importante que a pessoa que sofre de T.P. entenda todas as peculiaridades que envolvem este mal e que queira fazer uma boa "aliança terapêutica" com seu médico no sentido de juntos superarem todas as adversidades que poderão surgir na busca do seu equilíbrio pessoal.
Para as pessoas que não tem, e para as que possam vir a conviver com o problema:
O T.P. não é loucura, nem "frescura". Infelizmente é comum que os distúrbios psíquicos sejam interpretados como simples fraqueza de caráter. O melhor jeito para conviver com uma pessoa que passou pelo T.P., É compreender pelo que a pessoa passa; fazendo com que essa pessoa saiba que você entende o que se passa com ela, isso irá tranquilizá-la, trazendo bem-estar, pois é bem difícil se ter um "ataque", perante uma pessoa ou ambiente que conheça o problema, junto com um "tratamento", preferencialmente, tratado por um psiquiatra. Pois os que sofrem com o transtorno do pânico são ótimas companhias, devido a sua sensibilidade apurada, pois uma experiência ruim algumas vezes frutifica em crescimento interior. E sempre mantenha essa pessoa normalmente convivendo com suas atividades, percebendo as suas limitações e não "forçando nenhuma barra". Aos poucos a vida volta a normalidade.
1) Sintomas da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico:
Os sintomas físicos mais comuns são taquicardia, sudorese, sensação de falta de ar (não se preocupe porque ninguém jamais morreu sufocado por causa de Pânico), tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente está estranho, que a pessoa "não está lá" (isso se chama desrealização e não tem nada a ver com loucura, não se preocupe), de que vai desmaiar, de que vai ter um infarto, de uma pressão na cabeça, de que vai "ficar louco", de que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com sudorese intensa.
Alguns pacientes referem diarréias intensas em determinadas situações. Outros tem todos os sintomas de uma Labirintite. Outros passam a ter pensamentos que não saem da cabeça de que poderiam ter doenças graves mesmo que todos os exames sejam normais, ou de que poderiam fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas.
Podem ocorrer pensamentos que a pessoa sabe que não fazem sentido, mas não consegue tirar da cabeça, por exemplo se atirar de uma janela, machucar alguém ou ela mesma com uma faca. Tecnicamente falando, pensamentos obsessivos, fazem do quadro clínico e desaparecem com o tratamento do pânico.
Um medo muito comum é o de "voltar a sentir medo". Muitas vezes o simples pensamento de entrar num avião ou passar ao lado de um abismo já desencadeiam a crise. Algumas pessoas vão a um cinema, teatro ou restaurante e procuram sentar-se perto da saída, outras não trancam a porta quando vão ao banheiro, sempre para sair facilmente caso venham a passar mal.
É comum a pessoa ter passado por cardiologistas, clínicos, hospitais, laboratórios, etc., com todos os exames normais, a não ser, com certa freqüência, um Prolapso de Válvula Mitral, que os cardiologistas não consideram patológico.
Muitas vezes as primeiras crises aparecem subitamente em situações normais e habituais.
É claro que a maioria das pessoas não tem todos os sintomas acima.
Uma forma mais específica da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico se chama Fobia Social e se caracteriza por crises de ansiedade em situações como por exemplo reuniões, apresentações, discussões com superiores, assinar algum documento, cheques ou mesmo levantar uma xícara de café em público. Algumas vezes os sintomas aparecem após uma experiência traumática na qual a pessoa se sentiu indefesa ou humilhada ou sem possibilidade de reação, por exemplo assalto, seqüestro, acidentes. Essa forma mais específica de distúrbio de ansiedade se chama Distúrbio de Stress Pós Traumático. 2) Desenvolvimento de fobias:
Após ter tido muitas crises, a pessoa pode não sentir mais os sintomas físicos mas continua com medos que ela mesmo percebe que não são lógicos, como por exemplo de dirigir (principalmente em congestionamentos, túneis ou estradas), de pegar ônibus, metrô, avião, de participar de reuniões, de viajar, de ficar sozinha ou de sair sozinha de casa, ou de escuridão, de ficar em lugares com muita gente como Shopping, cinema, restaurantes, filas, elevadores, ou então de lugares muito abertos e vazios. Às vezes aparece até mesmo medo de dormir, quando a pessoa teve crises noturnas, ou de se alimentar, quando teve sensações de engasgar.
3) Causas:
Psicológicas (são as mais comuns): reação a um Stress ou a uma situação difícil cuja solução é igualmente difícil. Essa situação difícil pode ser profissional, afetiva, financeira, de saúde, etc. Físicas: alterações no organismo provocadas, por medicamentos, doenças físicas, por abuso de álcool em drogas.
Genética familiar de Pânico, Depressão, DOC, TAG, PTSD, DDA, etc. Atenção: predisposição genética não quer dizer hereditariedade. Ou seja, Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico não passa de pai para filho, não se preocupe. O mais comum é uma combinação de várias causas.
Sofrer de Pânico não tem nada a ver com personalidade forte ou fraca, com a pessoa ser ou não corajosa.
4) O tratamento da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico consiste basicamente em duas etapas:
Acabar com os sintomas físicos, os quais costumam passar rapidamente com a ajuda de certos medicamentos. Nessa fase inicial onde o objetivo é acabar com os sintomas físicos (e que realmente acabam muito rápido, às vezes em questão de horas), a Psicoterapia sozinha ajuda muito pouco.
Acabar as fobias. Nesta fase o tratamento mais eficaz é uma combinação de medicação com Psicoterapia (que aliás nem sempre é necessária), principalmente a Psicoterapia Breve Focal, que consiste em poucas sessões para ajudar o paciente a mudar de atitudes, sair de situações difíceis e principalmente ver os problemas com mais objetividade, ficando portanto mais fáceis de serem resolvidos.
Ao mesmo tempo, seu médico irá pesquisar alguma doença física que possa estar provocando, desencadeando ou prolongando a Síndrome e se for o caso tratar ou encaminhar para algum Colega fazê-lo.
5) Para a família:
Geralmente a família sofre porque não consegue ajudar e sobrecarrega o paciente porque vê a pessoa passar por cardiologistas, clínicos, neurologistas, gastroenterologistas, otorrinolaringologistas, etc., fazer exames, tomar calmantes, estimulantes e vitaminas sem melhora. Então começa a dizer que é fita, "frescura", falta de força de vontade, de coragem, e começa a dar palpites para você "se ajudar" "se animar" "reagir" e etc., como se você não soubesse de tudo isso.
6) Observações
Existem alguns casos em que o primeiro remédio não produz resultado. Isso não quer dizer caso grave e nem incurável. Na maioria das vezes basta trocar a medicação.
Mesmo que você já esteja se sentindo bem, não interrompa a medicação. Interromper a medicação antes da hora significa quase sempre uma recaída.
A Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico é benigna e curável, quase todos os sintomas desaparecem nas primeira horas de tratamento, porem ela é muito "teimosa" e o tratamento de manutenção é longo. Evidentemente que sem sintomas, mas com a manutenção da medicação.
A Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico pode reaparecer sim, mesmo que os problemas tenham acabado.
Durante o Transtorno do Pânico ou Síndrome do Pânico a pessoa pode passar por fases de depressão. Isso não quer dizer que você sofra de duas doenças.
Algumas pessoas com Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico tem receio de fazer ginástica. Pelo contrário, um bom condicionamento físico é sempre importante, ainda mais para quem está sujeito a ter crises de taquicardia. Além disso, ginástica libera Endorfinas, que são nossos Antidepressivos naturais e aumentam nosso bem estar.
Yoga, meditação, massagem de relaxamento: sempre ajudam e muito, principalmente as duas primeiras.
Diminuir álcool e cafeína (café, chá preto, chá mate, refrigerantes) sempre ajuda.
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