Dieta rica em peixes estimula a formação de novos neurônios.

Espécies como salmão e sardinha são fontes de ômega 3, nutriente vital para o corpo, especialmente o cérebro.

Por Antônio Marinho – O Globo

velho ditado de que comer peixe é bom para a memória está se confirmando. Cientistas descobriram que consumir espécies como salmão, anchova, cavalinha, truta e sardinha, ricas em ácidos graxos ômega 3, mantém o cérebro saudável. Não só ele. Novos estudos indicam que esse nutriente protege o coração e previne contra inúmeras doenças, inclusive cânceres.

Mas, para obter os benefícios, é preciso ter peixe à mesa de duas a três vezes na semana.

Numa investigação sobre o ômega 3, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) observaram que o nutriente — presente em grande quantidade na gordura de peixes de água profunda e fria, e na semente de linhaça — regenerou neurônios, e pode ser útil contra epilepsias.

E cientistas acreditam que há evidências de que esse ácido graxo poliinsaturado faz bem a pessoas que sofrem de mal de Alzheimer, depressão e até mesmo esquizofrenia.

Até agora, o ômega 3 era mais conhecido por seu efeito protetor do coração, já que inibe a coagulação (o que dificulta a formação de trombos), reduz o nível de triglicerídeos e a pressão arterial. Há estudos apontando que ele previne alterações no ritmo cardíaco.

Porém, segundo especialistas, seus poderes são mais amplos. Fúlvio Alexandre Scorza, chefe da disciplina de Neurologia Experimental da Unifesp, comprovou que a dieta rica em ômega 3 produz novos neurônios. Ele confirmou isso em pesquisa com ratos epilépticos — doença neurológica mais comum, que afeta 50 milhões de pessoas no mundo, a maioria em países em desenvolvimento.

O nutriente reduziu a morte de células cerebrais, recuperou e estimulou a formação de neurônios: — O ômega 3 elevou a produção de proteínas que inibem a epilepsia, e mostrou ação anti-inflamatória. Falta saber se os efeitos na plasticidade do cérebro são acompanhados de ganhos funcionais.

Alimento teria um efeito anti-inflamatório Agora pesquisadores iniciam a experiência com 50 crianças (na Unifesp e na USP de Ribeirão Preto) que não respondem ao tratamento comum.

Elas vão receber 2g de ômega 3 ao dia, por seis meses.

Scorza está otimista: — Mais de 20% do nosso cérebro é de substâncias gordurosas e a sua saúde depende não só da quantidade gordura que ingerimos, mas principalmente do tipo. O ômega 3 é essencial para a membrana dos neurônios, local onde os impulsos nervosos fluem.

Porém Scorza alerta que no caso de epilépticos o ômega 3 não substitui os medicamentos.

Ele é coadjuvante. Segundo o cientista, mesmo pessoas saudáveis se beneficiam, já que não sintetizamos esse ácido: — Quem não gosta de peixe, deve comer semente de linhaça ou seu óleo. O atum, apesar de ser boa fonte de ômega 3, é contaminado com mercúrio.

Quanto maior o peixe, pior o índice. Nos suplementos, é importante checar a procedência e a qualidade.

Outros pesquisadores apontaram possíveis ações do ômega 3, como proteção contra os cânceres de mama e intestino.

Há pelo menos 12.520 artigos científicos falando bem desse nutriente e médicos estrangeiros, liderados por Carol Locke e William Butler (de Harvard), criaram o “Dia da conscientização do consumo de ômega 3”, 3 de março. E ainda um site (www.omega3day.com).

Para esse grupo, os benefícios do ômega 3 são ilimitados.

Os médicos engajados afirmam que ele previne demência, é bom para a retina, o humor e a concentração; é antidepressivo e ajuda na recuperação de derrames. Como anti-inflamatório, é ótimo em casos de artrite e doença de Chrohn (ataca o intestino). Para a indústria de suplementos, não há propaganda melhor.

Haja peixe

ATIVIDADE FÍSICA

Um forte elo entre exercícios e inteligência

Manter-se fisicamente ativo desde cedo é uma boa maneira de estimular a inteligência. Cientistas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, analisaram dados de um milhão de homens nascidos em 1950 a 1976, alistados no serviço militar do país aos 18 anos. A amostra incluiu 3.147 pares de gêmeos, dos quais 1.432 eram idênticos. Segundo os autores, aqueles com melhor capacidade cardiovascular apresentaram melhor desempenho em testes cognitivos e no rendimento acadêmico mais tarde.

Os dados sugerem que a promoção de atividades físicas como estratégia de saúde pública poderia maximizar desempenhos educacionais e prevenir doenças.

— Nosso estudo dá suporte científico para manter ou aumentar a prática de educação física nas escolas, além de evitar um estilo de vida sedentário — afirma Maria Aberg, na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

A aptidão física e a inteligência foram avaliadas no alistamento e relacionadas aos dados nacionais de rendimento escolar e ao nível socioeconômico mais tarde.