Traumatismo craniano: Reabilitação precoce diminui danos
Quanto mais precoce e adequado o atendimento prestado a uma vítima de traumatismo craniano, maiores as chances de se evitar lesões irreversíveis. A partir daí entra em ação uma outra etapa: a reabilitação. Essa fase consiste em avaliar a pessoa que sofreu o trauma (craniano ou medular), ver qual é a incapacidade dela e tentar torná-la o mais independente possível apesar do limite. Para isso, o profissional indicado é o fisiatra, o médico de reabilitação - que envolve a parte física e neurológica. Saber o prognóstico de cada caso, o desejo mais legítimo da família do paciente, é talvez o maior desafio para os médicos.
A pessoa tem um potencial de recuperação que o médico desconhece, porque ela está em coma. A reabilitação é como uma corda que o médico joga para tentar puxar esse potencial mais rápido. Na verdade, essa corda é um conjunto de técnicas de prevenção de complicações e de estimulação de aquisição do potencial de melhora. O objetivo é facilitar e acelerar uma espécie de melhora neurológica espontânea. O prognóstico depende basicamente da idade, da lesão (se a área lesada for muito extensa o cérebro não consegue suprir o que ficou comprometido) e do tempo que o paciente ficou e coma (o prognóstico piora à medida que o tempo aumenta).
Quanto mais novo o paciente melhor o potencial de recuperação motora. Depois de um traumatismo craniano grave, 90% das crianças voltam a andar (podem ter alguma dificuldade motora como arrastar um pé). Isso se deve ao fato de que os jovens têm maior plasticidade cerebral (conceito de que o cérebro nunca deixa de aprender se estiver recebendo estímulos eficientes). A criança tem uma reserva neuronal não utilizada que pode suprir as áreas lesadas. Tem história de criança que fica seis meses em coma e que volta a andar. Quanto à cognição (habilidade de pensamentos, raciocínio e aprendizagem), no entanto, acontece o inverso. O impacto é maior nos mais jovens.
Importante
Há 10 anos os especialistas acreditavam que havia um tempo certo para a recuperação. “No caso de traumatismo crânio-encefálico, a maioria dos médicos imaginava que não haveria mais grandes melhoras depois de 18 a 24 meses”, diz a médica fisiatra Linamara Battistella, diretora da divisão de medicina de reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo. Hoje, há uma convicção de que a taxa de melhora diminui com o tempo e de que as grandes evoluções acontecem nos dois primeiros anos. Mas existe a certeza de que os ganhos continuam acontecendo, diz.
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